segunda-feira, 16 de março de 2009

Jornal do Vaticano diz que excomunhão foi precipitada

Evitei até onde pude em comentar o caso da excomunhão da mãe e dos médicos que realizaram o aborto na menina de nove anos vítima de estupro. No último sábado, o jornal da Santa Sé, Osservatore Romano, publicou um artigo do presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Monsenhor Rino Fisichella. De tudo que foi dito até agora pela Igreja e pela mídia, as palavras do Monsenhor são as mais sensatas.

Ele afirma que os médicos que não mereciam ser excomungados. “São outros que merecem a excomunhão e nosso perdão, não os que lhe permitiram viver e a ajudarão a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do mal e da maldade de muitos”. Monsenhor Rino Fisichella é muito próximo ao Papa Bento XVI, além de ser a maior autoridade do Vaticano em bioética.

No artigo, o monsenhor diz que o Arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho, foi precipitado em dar a excomunhão. Segundo o religioso italiano, D. José teria ter se preocupado primeiro com a garota de nove anos. “O caso ganhou as páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão para os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida se não fosse pelo alvoroço e pelas reações provocadas pelo gesto do bispo”.

A publicação afirma que a credibilidade da Igreja foi colocada em risco pelo Arcebispo de Olinda e Recife. “Era mais urgente salvaguardar a vida inocente e trazê-la para um nível de humanidade, coisa em que nós, homens de igreja, devemos ser mestres. Assim não foi e infelizmente a credibilidade de nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia”.

Como em toda história real, não há culpados nem inocentes, apenas vítimas. E neste caso fica quem é maior vítima de tudo isso.

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