sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cada banda tem o fã que merece


Fã é uma das espécies mais chatas do mundo. A própria palavra é uma abreviação de fanatismo e todo fanatismo é perigoso.

Gostar de alguém ou de algo é salutar e inerente a todo ser humano. Mas fazer dessas coisas, objetivos de vida e se importar mais isso do que com a própria vida já é demais.

O Weezer foi uma das bandas mais influenciaram o Los Hermanos no começo da carreira da banda carioca. E além de inspirar musicalmente, parece que também deu a herança maldita de fãs chatos.

Desde que anunciaram a mini-turnê de “volta” pelo nordeste que trupe de Camelo & Amarante vem causando histerismos, principalmente na capital pernambucana, onde sempre fizeram bons shows. No Recife, boa parte dos ingressos já foram vendidos há cerca de dois meses.

Os apreciadores da primeira fase ska/hardecore dos Los Hermanos bem que podiam fazer um movimento semelhante aos dos admiradores da banda americana.

Um grupo de fãs da banda Weezer resolveu oferecer dinheiro para que a banda pare de tocar.

Frustrados com o declínio da banda, que segundo eles não conseguiu superar o álbum "Pinkerton" (1996), eles estão arrecadando US$ 10 milhões para oferecer aos integrantes do grupo como recompensa pela aposentadoria "forçada".

"Todos os anos, Rivers Cuomo (cantor, compositor e guitarrista) jura que mudou e que o novo disco vai ser o melhor que eles fizeram desde 'Pinkerton', mas aí vem outro monte de porcarias", contou James Burns, criador da campanha.

O baterista da banda, Patrick Wilson, comentou no Twitter que se a campanha arrecadar US$ 20 milhões eles farão uma "parada de luxo".

Até o momento, a campanha arrecadou apenas US$ 273.

Na minha opinião, tanto Weezer quanto Los Hermanos continuam fazendo canções muito boas, mas evidente que com o passar do tempo as coisa foram mudando. O LH passou de um som mais pop para uma música underground/cabeça às vezes chata, enquanto o weezer vez o caminho contrário.

Os fãs das duas bandas se merecem e deveriam fazer coisas mais produtivas na vida do que cortar os pulsos porque os “ídolos” estão os decepcionando.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para não esquecer dos amigos nas festas


Essa é uma história quase inverídica da adolescência de um futuro jornalista.

Eles iam para todas as festas de quinze anos do bairro. Todas as pessoas entre 14 e 17 anos de alguma forma se conheciam naquele local. Porque estudava na mesma escola, tinham amigos em comum ou freqüentavam o mesmo grupo de jovens na igreja.

Em maio daquele ano seria a festa da Isabela, uma das meninas mais bonitas e ricas da turma. A expectativa para o baile de debutante da bela já estava na conversa do pessoal, pelo menos, desde o começo do ano.

O tempo foi passando e nada do convite cintilante com lacinhos cor de rosa chegar às mãos da rapaziada, isso foi dando certa aflição. De todo jeito eles iriam para festa. Eram peritos em ser penetras e saírem da festa como o grupo que realmente animava as baladinhas.

Mas não imaginavam que a Isabela iria deixá-los de fora do momento que toda garota se envergonha dez anos depois.

Já estava na semana do baile e nada de chegar o convite daquela galera. Na sexta-feira, um dia antes dos festejos, o magricelo da turma encontrou com a aniversariante em um supermercado.

- E aí Bela? Pô, não recebi ainda o convite do teu aniversário!

Envergonhada com a cara de pau do magrinho, respondeu rosada como a blusa que vestia:

- Ah! Foi mal! Acabaram os envelopes, mas ia te ligar hoje. Pode ir lá amanhã que o seu nome vai está na lista de convidados na portaria do clube.

- Certo. Mas toda a galera lá da rua tá esperando ser chamada também!

- É? E quem são?

Saiu detalhando o nome e o perfil da cada amigo, como se fosse necessário. Ela conhecia todos. Inclusive já tinha ficado com alguns. Mas Isabela estava naquela fase em que a garota descobre que é gostosa e evita a turma do passado para não queimar o filme com os novos amigos. No caso dela, esses novos amigos eram muito mais almofadinhas do que aquela rapaziada que passava o dia na rua jogando bola e aprendendo os primeiros acordes de violão graças ao Nirvana.

- Vixi! Contigo são dez pessoas, né?

- Qual é Bela? Vai barrar a galera?

- Não! De forma alguma! Pode avisar ao pessoal que o nome de todos estará na lista amanhã.

Como o solicitado, tratou de dar a notícia para todos e no sábado estavam lá. Não muito bem alinhados, mas de forma apresentável e em número maior do que o informado pelo magrinho no dia anterior, afinal festa que se prese tem que ter penetras.

- Como assim, o nosso nome não tá aí?

- Não está! – Falou mansamente o segurança que tinha um bigode idêntico ao do Rivelino.

- Pô magrinho, tu não falou que o nome da gente ia tá na lista?

- Ela me garantiu!

- Chama ela aqui, por favor, Riva.., quer dizer tio!

- Não posso sair daqui! – Já falou meio injuriado com aqueles moleques o bigode de curió.

Por força do acaso ou não, a debutante passou naquele momento em frente à portaria. Como um bando de esfomeados vendo o caminhão da ONU chegar os gritos e os empurrões nos seguranças chamou a atenção da aniversariante.

- E aí meninos, o que houve? – Falou com a cara de pau de um político em época de campanha a bela Isabela.

- Porra Bela! O que foi? Tu tá barrando a gente da tua festa e ainda pergunta o que foi?

Depois de uma breve conversa entre os penetras, seguranças, a debutante e os pais dela foi autorizada a entrada do grupo que ficou em uma mesa fora do salão de baile e que um brigadeiro chegava a cada trinta minutos.

Revoltados com a situação, decidiram armar um plano para estragar a festa da menininha que fez de tudo para que eles não estivessem ali.

- Já achei! – Disse o baixinho do grupo que ficou encarregado de descobri onde era o quadro de energia do clube.

- Beleza! Agora é só esperar a hora da valsa para entrar em ação. – Determinou o magrinho autor do plano.

Chegado o momento em que os quinze almofadinhas estavam ao lado das quinze patricinhas vestidas de sonho de valsa, aos olhos de um monte de coroas que conseguem achar aquilo bonito, os moleques resolveram botar em prática o mirabolante plano.

O baixinho executou perfeitamente a sua função de quebrar com uma pedra o quadro de energia do local. E ação saiu melhor do que a encomenda, além do clube, toda a rua ficou sem luz.

A segunda parte da ação também foi feita de forma exemplar. Os dois mais velhos da turma e que lutavam jiu-jitsu foram os encarregados de sair empurrando tudo e todos que (não) viam pela frente enquanto o restante do grupo vinha atrás carregando o bolo de três andares para fora do estabelecimento.

Escondidos em uma casa abandonada que ficava a cinco quarteirões do clube, os pequenos vândalos de classe média se empanturravam do bolo de frutas cristalizadas e glacê. Jogaram fora mais da metade do bolo.

Dez anos após o episódio, o fato sempre é relembrado pelo grupo de amigos que hoje é formado por trabalhadores autônomos, engenheiros, jornalistas, tatuadores e vendedores de veículos.

A Isabela continua bonita e ainda mais rica. Nunca mais teve contato com a turma que marcou de forma traumática o seu baile de debutante, com exceção do magrinho, que ela jura até hoje, não ter participado daquela ação. Inclusive ele já recebeu o convite para o casamento dela, que será no final do ano. O magrinho promete que irá ligar para Isabela em breve para perguntar se ela não vai chamar o velho grupo de amigos daquele bairro.