quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Preso no banheiro

Ao ler que uma idosa francesa de 69 anos ficou trancada no banheiro de sua casa por 20 dias, após o trinco da porta ter quebrado, lembrei que a mesma situação já aconteceu comigo. Mas ao contrário da velhinha francesa, passei apenas 20 minutos preso dentro de um banheiro.

Foi em uma das muitas festas mais loucas da minha vida. Festa essa que aluna se agarrou com professor para passar de ano, que a piriguete da turma foi flagrada pelo namorado com um surfistinha/maconheiro sem cérebro e o corno ainda foi chorando para casa, que um bêbado meteu o carro no muro do prédio e o cara que ia tocar na festa desapareceu de repente.

Já tinha reparado que a fechadura daquele banheiro não era muito confiável. Na primeira visita ao recinto deu para perceber que com um pouco mais de força aquele trinco cairia pelo lado de fora da porta.

Som passado, todo mundo já no clima para o rock n’ roll, estava na hora daquele xixizinho básico antes de subir no palco. A maçaneta na mão após passar pela porta velha e desgastada pela umidade e maresia do bairro praiano fez com que o desespero chegasse antes da urina na água do vaso sanitário.

Não sei se aquilo foi claustrofobia, já que o lugar tinha menos de dois metros quadrados de área, mas o fato de saber que o teor alcoólico dos presentes já estava bem elevado e som alto da festa poderiam me deixar, sabe-se lá quanto tempo, ali dentro foi um dos momentos mais angustiantes dos meus 26 anos.

Por sorte, acaso, coincidência, destino, providência divina ou algo que o valha, um amigo que tinha 2,01 metros de altura também sentiu necessidade de ir ao toalete e foi neste momento que a tensão foi passando.

- Me tira daqui!!!!

- Quem é que tá aí dentro?

- Sou eu! Mas o que importa isso agora? Você não quer mijar? Então arruma alguma forma de abrir essa porta, pelo amor de Deus!!!

Bastaram apenas dois chutes para que o pé número 45 que calçava um coturno velho adentrasse aquele espaço levando a porta abaixo.

Já no fim da festa vim saber que não foi por sorte, acaso, coincidência, destino, providência divina ou algo que o valha que fiquei preso naquele banheiro. Como eu, outras pessoas também perceberam que era só questão de tempo para um otário ficar preso ali dentro.

Alguns “mui amigos” arrancaram a maçaneta do lado de fora do banheiro e deixaram a porta aberta. Eles não esperavam que otário que iria ficar preso era o vocalista da banda que iria se apresentar. Resultado: Show atrasou, mas a festa seguiu na maior normalidade. (Se é que isso fosse possível).

Ah! A senhora francesa que ficou vinte dias em situação parecida com a minha sobreviveu tomando água da torneira. Ela foi resgatada por um vizinho e levada para o hospital e continua internada, segundo um jornal francês. Que ela tenha uma boa recuperação.

Um comentário:

Leminski disse...

excelente aventura, meu amigo. Escreve um livro que eu compro! abraço