sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Imprensa maconheira


Mais uma história quase inverídica do jornalismo pernambucano.

Mais uma manhã de apresentação de materiais e traficantes apreendidos pela Delegacia de Narcóticos da Polícia Civil de Pernambuco. E como sempre, toda a imprensa lá, até porque não havia mais nada de relevante acontecendo naquele dia na Região Metropolitana do Recife.

Antes de começar o pronunciamento oficial, o delegado responsável pela operação ia recebendo, cordialmente, todos os jornalistas que ali chegavam e já adiantando como tinha sido todo o trabalho.

- Já estávamos investigando essa quadrilha há um certo tempo e graças ao belo trabalho dos policiais conseguimos êxito em mais essa ação. – Falava o delegado, repetindo o discurso de todo o chefe de polícia, parecendo até jogador de futebol que também usa a mesma resposta para todas as perguntas.

- Apreendemos três pistolas, vinte pedras de crack e nove cigarros de maconha e cerca de quatrocentos reais. - continuou

- Delegado, não foram oito cigarros de maconha não? – Perguntou uma jovem repórter de TV.

- Não. Foram nove. – Falou com um certo desdém o delegado.

- Então, porquê só tem oito aqui? – Apontou a repórter para mesa onde estava todo material anunciado pelo delegado.

- Puta que pariu! Que porra é essa? Eu mesmo que coloquei aqui a merda desses baseados e contei um por um. Imagina o que vocês vão colocar amanhã nos jornais?

Silêncio de velório misturado com uma enorme vontade de rir dentro da sala depois do chilique do delegado.

- O negócio é o seguinte, vocês acompanham sempre os nossos trabalho, vocês estão aqui fazendo matérias todas as semanas, sempre estou à disposição de vocês (essa parte que ele falou é uma grande mentira) e quero resolver isso de maneira amigável. – falou em um tom mais ameno o chefe de polícia.

Com excesso de pessoas na sala, cerca de 15, entre repórteres, cinegrafistas e fotógrafos, e, levando em conta a grande fama de que na imprensa a maioria das pessoas é chegada a queimar um fumo não legal, o delegado decidiu é resolver a solução de forma salomônica.

- Como sou amigo de todo mundo e quero resolver isto numa boa, vou fazer o seguinte. Todo mundo fica aqui perto da mesa e eu vou apagar a luz, quando ligar, quero que o baseado esteja de volta ou todo mundo vai ser revistado e o engraçadinho que fez isso vai ser autuado em flagrante.

Mesmo constrangidos todos acataram a opinião do policial e se aproximaram do local indicado.

Na volta das luzes, eis que não estão mais oito cigarros de maconha apareceram, desta vez dez baseados estavam estendidos sobre a mesa da delegacia.

Diante do fato, não foi possível conter a gargalhada.

- Puta que pariu! Precisava roubar? Era só falar com a gente numa boa que dava para arrumar um beck. E outra: Cara de pau do caralho! O cara vem fazer a matéria no Denarc e ainda trás um bagulho no bolso. - Comentou o delegado não conseguindo conter o riso.

Até hoje não se sabe de quem era a maconha extra, mas tudo leva crer que era de um fotógrafo.

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